A
fumaça branca que deixava o cigarro de Adry se dissipava acima do vampiro em
uma dança fascinante. Uma estrela
parecia se acender e morreu nos lábios do Baali a cada tragada na cigarrilha.
O movimento de puxar, prender e soltar a fumaça se repetia lentamente
enquanto, posicionado sobre a grande
muralha, o Cônsul admirava todas as estruturas, pessoas e monumentos da Cidadela
Dourada.
Uma silhueta dourada, alta e forte surgiu à
direita do vampiro. Os passos firmes, sólidos e ritmados denunciavam uma
criatura dotada de grande senso de ordem, força e liderança. Um homem de vastos
cabelos negros que escorriam sobre sua armadura de ouro caminhou de encontro ao
cônsul e o agarrou surpreendentemente pela gola do sobretudo pressionado-o
contra uma das torres da muralha.
Adry
encarou seu agressor e sorriu.
-
Nobre Senador, você sempre cumprimenta seus colegas de parlamento assim?
O
agressor não respondeu, ele apenas encarou os olhos do vampiro, mesmo ciente dos
riscos de tal movimento, no entanto, a intenção não era a de travar uma
batalha, mas, a de tratar devidamente um velho desafeto, aliado e amigo.
-
Olha Jordan, da ultima vez que me olharam assim, eu terminei nu em um quarto
confortável do palácio dourado... mas, você nem faz meu tipo, vai ter que fazer
mais que me encarar pra me convencer... – respondeu o vampiro com grande tom de
zombaria.
O
paladino, depois de tanto tempo conhecendo seu interlocutor já não se deixa
atingir por esse tom de zombaria. Não demonstrou nenhuma reação, apenas encarou
o Adry e finalmente respondeu em um tom calmo, firme e ameaçador.
-
Eu vou perguntar apenas uma vez. Qual é o seu maldito plano? Você convenceu o
congresso por uma margem curtíssima a comprar esse seu protocolo de guerra e
concentrar todo o poder em você para supostamente começarmos um contra-ataque
ao exército do caos. Eu conheço você, mais do que eu gostaria.
Um
largo sorriso abriu-se no rosto de Adry e ele se metamorfoseou em uma nuvem de
morcegos se livrando da imobilização de Jordam.
O vampiro voltou à sua forma
humana, limpou seu sobretudo vermelho e encarou o paladino Dourado.
-
Não se importa se eu me mantiver longe de suas mãos não é? Você é muito...
bruto. Sobre o que me perguntou... meu plano é o que foi exposto aos Senadores,
contra-atacar, conquistar pontos estratégicos e virar essa guerra. Eu só quero
a paz – Tentou forçar um discurso.
Jordan
encarou o cônsul sem acreditar em uma única palavra.
-
Nós lutamos juntos, morremos juntos, ressuscitamos juntos. Eu sou a pessoa que
melhor conhece você, e você é a que melhor me conhece nesse mundo. E eu sei que
você tem algo muito maior em mente, e eu vou descobrir, e te levar perante o
Panteon Dourado para que eles condenem você e me dêem a honra de cortar sua cabeça
e perfurar seu coração.
Adry
encarou o paladino de volta.
-
Nossa, você continua tão rancoroso. Escute Paladino, você deveria estar indo
para Shadow Falls, comunicando as decisões ao conselho e preparando nossas
tropas para a batalha. Ou, você planeja continuar usando essa sua armadura
apenas como um adorno? Não quer sujar ela não é ? Sempre soube que depois de
morrer você se tornaria um covarde.
Jordan
sorriu.
-
Eu estou indo, e estarei na guerra, não deixarei toda a glória para você,
afinal, precisamos de um Herói para comandar os homens em batalha, e sabemos
que você é melhor em rastejar pelas sombras e sacrificar inocentes do que em
comandar exércitos e inspirar soldados. –
Retrucou o lycan.
-
Talvez você tenha razão, mas são as sombras e o sangue dos inocentes que me
trouxeram até aqui... questão de princípios. Se serve de consolo, eu estarei no
Front. – respondeu calmamente Adry
enquanto acendia outro cigarro.
Jordan
deu as costas para o Cônsul e caminhou em direção à saída.
-
Eu ainda vou ter o prazer de te ver morrer, permanentemente. E espero muito que
você sobreviva à essas batalhas que estão por vir, para que o prazer de sentir
sua vida se esvair seja minha. Boa noite, caro Cônsul. Espero te ver nos campos
de batalha.
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